Costumeiramente eu tendo a torcer o nariz para quem fala que se um livro não estiver agradando, simplesmente largue mão e vá ler outra coisa. Torço o nariz, porque sei que algumas leituras demoram para engatar, são necessárias, valem a pena... E como tudo na vida, não é porque está começando a te irritar que você vai largar mão -- se a gente fizesse assim com tudo na vida, duvido conquistar algumas coisas muito importantes.
Mas é lógico que, para cada regra, existe pelo menos uma exceção -- e no futuro, eu vou sempre lembrar de "Um Copo de Cólera" quando eu falar disso. Qual a minha birra com o dito cujo? Para começo de conversa, não é de hoje: ele foi uma leitura recomendada nas aulas de redação da faculdade. E não, eu não encrenquei com ele por ser recomendado -- li muitas coisas fantásticas nas recomendações de faculdade: Apanhador no Campo de Centeio, Antes que Anoiteça, Grande Gatsby... Mas com esse bendito copo, não deu. Para ser curta, grossa e bem específica: eu não gosto de autor que fica punhetando palavra. Todo mundo que gosta de ler e escrever, gosta de uma boa frase, um bom parágrafo, palavras que soam bem... Mas pra mim, tem que parecer "não intencional". Quando fica claro que a escolha de palavras de uma frase era mais importante do que o sentido que as palavras deveriam ter, ou que a história em si... Me irrita. E pra mim, "Um copo de cólera" parece gente vestida de gala no Natal, sentada no sofá assistindo Faustão. Muito esforço para sentido nenhum.
Eu tive essa impressão aos 24, e queria ver se ela se sustentava aos 35 -- infelizmente sim! E foi uma leitura (curta) tão sofrida, que acabou embolando toda a meta de leitura do ano. Não estava conseguindo pegar mais nada com gosto (estou há semanas na introdução de "A Letra Escarlate" e não engato). Tanto que agora eu já começo a dar certa razão para quem diz "abandone essa chatice". Talvez se eu tivesse desistido de vez desse livro, já teria lido bem mais até agora. O orgulho, inevitavelmente tem seu preço.
TBR de Maio (Foco em 3100 páginas... Sonha demais, inocente!)
- A Letra Escarlate. Nathaniel Hawthorne (336 páginas).
- A Festa de Babete. Karen Blixen (64 páginas).
- Madame Bovary. Gustave Flaubert (448 páginas).
- On the Road. Jack Kerouac (296 páginas).
- 1984. George Orwell (416 páginas).
- A Mesa da Ralé. Michael Ondaatje (288 páginas).
- A Autobiografia de Alice B. Toklas. Gertrude Stein (288 páginas).
- Crianças francesas dia a dia. Pamela Druckerman (128 páginas).
- O Poder dos Quietos. Susan Cain (324 páginas).
- Comer, Rezar, Amar. Elizabeth Gilbert (344 páginas).
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