Meu pai faleceu em Agosto de 2005, aos 46 anos de idade -- já vai fazer 11 anos esse ano. Ainda não é uma coisa que eu consiga pensar sem chorar, por isso evito. Mas de tanto assistir séries e filmes de super-heróis recentemente, por gosto "próprio" não consigo deixar de pensar de onde veio esse "gosto". Aí lembrei da minha "pastinha/herança". Meu pai guardava em uma pasta amarela cheia de adesivos de super-heróis seus HQ's (ele diria Gibis) prediletos (e alguns que eram mais caros, e precisavam de cuidados especiais).
Das coisas que ficaram, essa foi uma das que eu fiz questão de guardar comigo -- porque eu sei o quanto ele era apaixonado por esses gibis. Ele pensava de vez em quando no que seria das coisas dele depois que ele morresse... Dizia que o que para ele era um tesouro, para os outros seria um lixo... E não é bem assim.
Quando as pessoas que a gente ama se vão, realmente algumas coisas que ficam não tem mais sentido -- mas mesmo assim é difícil demais se livrar delas, por mais que seja necessário às vezes. A gente sabe que não é a pessoa, mas um pedacinho fica atrelado a aqueles objetos, e a gente não consegue deixar para trás.
Isso me faz pensar, do ponto de vista de uma acumuladora, o que eu estou fazendo para a minha filha. Essa história de acumular coisas é bem complicada... Você não aproveita as coisas como se deve em vida, e quando se vai deixa um fardo para quem fica... Um mar de lembranças para os outros naufragarem.
Mesmo assim, eu me sinto muito bem sabendo que essas coisas estão guardadinhas comigo. Às vezes acho que é como poder contemplar as sementes da minha nerdices. No final das contas, minhas raízes são os tentáculos do Dr. Octopus! rs.
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