Tentei escapar do clichê, mas não foi possível. Quando se vira mãe, todos os seus pesos e medidas ganham uma nova dimensão. Cansei de ver blogs por aí que minguam e desaparecem quando a escritora vira mãe... No começo, eu creditava isso a falta de tempo ou a falta de controle sobre o tempo que se tem -- dois aspectos dos mais perceptíveis sintomas pós-maternidade; mas... Não sei pelas outras mas... No meu caso não foi assim.
A falta de um momento de pausa e relaxamento no qual você possa simplesmente parar para pensar sobre "Bem, eu queria falar um pouco sobre isso" realmente acontece. Mas no meu caso, eu fico pensando no que de relevante eu possa dizer que já não tenha sido dito (e dito melhor) por aí. O que mais um barulhinho tolo vai acrescentar a um mundo já tão cheio de ruídos? Eu não sei... Não fui capaz de responder essa parte da questão. Então ontem eu vi esse vídeo:
Sim, o vídeo tem quase 50 minutos e está tem inglês (embora a legenda com tradução automática do Google não seja sempre perfeita, ela ajuda bastante se você não está dominando o inglês). Mas acho que vale a pena, assim como eu acho que vale a pena (significativamente a pena) assistir o TED Talk com a Elizabeth Gilbert.
Adoro tudo o que ela diz nesses vídeos, embora eu ainda tenha muitas questões com tudo isso... Assim como eu tenho muitas questões (ainda) com os livros da Julia Cameron (embora eu os ame) e com os livros e filosofias artísticas do Danny Gregory (Everyday Matters, Creative Licence etc.).
Desde que eu me conheço por gente, estou procurando aquela atividade mágica que una "expressão pessoal, artística e criativa" com o pagamento das contas e manutenção do cotidiano. Quando você entra em contato com o que essas pessoas dizem, elas lhe relembram que nem sempre isso vai ser possível. Que muitas vezes, você vai ser aquela pessoa com um trabalho burocrático que paga as contas, e que dedica parte de seu tempo livre ao verdadeiro trabalho da sua alma... E elas vão tentar lhe convencer que está tudo bem com as coisas serem assim. Que você não precisa ser Picasso pra tirar sua alegria da pintura, ou Beethoven para aproveitar a música etc. Que a expressão da sua criatividade é a própria recompensa do processo. Mas eu ainda não consigo deixar que essa ideia se assente com conforto na minha cabeça... Não sei se me parece muito uma filosofia do derrotado (que tenta achar sentido no pouco que lhe restou), ou se é porque me parece muito um abração na mediocridade mas... Eu não me sinto confortável em aceitar isso, e trabalhar dentro disso (embora cada vez mais eu veja que não existe muita escolha).
Então acho que o que me resta no final é voltar a escrever aqui sem muitas pretensões. Sem saber porque, pra quem... Ou melhor, acreditando que escrever para mim mesma já é o suficiente.