Sexta-feira eu fiz a minha quinta tentativa na prova de mestrado da ECA.
A primeira, alguns anos atrás, eu perdi: cheguei atrasada, não quis
arriscar bater a cara na porta. Na segunda -- ou na verdade a primeira --
eu descobri que muitas pessoas chegam atrasadas... E só as covardes
ficam com medo de terem as caras batidas na porta. Na terceira, eu
faltei... Jogando 150 reais no ralo e amaldiçoando o trabalho que sempre
leva o melhor da minha vida. Na quarta, eu fui... Grávida, devagar e
com vontade de fazer xixi de 15 em 15 minutos. Nesse ano eu fui pela
quinta e última vez... Pelo menos por enquanto.
O que eu aprendi nesses últimos 5 anos de provas e tentativas? Muito
sobre a inércia. Nada como uma atividade regular anual para fazer você
avaliar o que mudou de um ano para o outro. Enquanto eu me debato, mais
uma vez, com os mesmos assuntos: uma incapacidade de separar os
esforços de trabalho do resto da vida, minhas eternas juras que da
próxima vez será diferente... Tudo morrendo afogado pelo meu eterno
otimismo de quem tirou o vestibular de letra e se recusa a acreditar que
outras atividades requeiram outras práticas. O Brasil ainda vai
aprender a se livrar do seu "jeitinho" antes que eu aprenda o valor da
disciplina a ponto de colocá-la pra valer na minha vida.
Desanimei. Tanto, que impactou o que eu deveria estar produzindo nesse
final de semana... Resolvi me entregar ao descanso e voltar a minha
força tarefa -- a minha vida parece ser uma sequência interminável de
forças tarefas -- nos dias "úteis" (acho que já faz um tempo que eu não
posso chamar meus dias de úteis). Cinco anos é tempo demais para você
não poder notar mudanças positivas na sua vida... Ou mudanças de
qualquer forma.
Talvez se eu tivesse tido resultados extremamente negativos todas as
vezes, eu já teria me corrigido mas, saber que eu nunca estudo para essa
prova e sempre passo para a fase seguinte (tirando esse ano, pra tudo
tem um limite) me dá uma confiança destruidora que torna sempre difícil
investir tempo em preparação - o que sempre aniquila com as chances na
fase seguinte já que eu vou para a segunda fase com um projeto que
parece ter sido escrito em um dia (e que de fato foi escrito em 03
horas, rs).
Agora eu lhe pergunto: de que adianta tanto autoconhecimento se eu não
sou capaz de agir na melhor na próxima vez, ou me corrigir de qualquer
forma?