quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Equilíbrio.

Equilíbrio. Taí uma coisa que eu nunca aprendi direito, e estou precisando fazer um intensivão. Posso nomear a área que for da vida, e o melhor resumo é que as coisas estão desequilibradas; necessitando urgentemente que eu ofereça alguma média saudável: finanças, saúde, organização, relacionamentos... Especialmente relacionamentos. Eu poderia dizer que não tem nada há ver com a maternidade... Mas tem tudo há ver. Que pessoa eu quero e posso ser, impacta diretamente em como eu vou criar a minha filha. Eu sei, por exemplo, que estou pagando por grandes escolhas erradas dos últimos anos -- ou melhor, eu sei que não estou pagando nada por conta das escolhas erradas dos últimos anos mas... Uma hora a pessoa tem que falar: "Parou por aqui pqp!".

Tem que parar, porque eu estou fazendo tudo errado de novo... E novamente. Está muito difícil para eu trabalhar, por exemplo. Não só porque eu tenho obrigações maternas, de dona de casa, de esposa, de aspirante a mestranda disputando atenção mas porque eu odeio meu trabalho. Eu odeio porque não acho que é o que eu deveria estar fazendo da minha vida, eu odeio porque já estou trabalhando com isso há 12 anos (e realmente deu no saco), eu odeio porque eu não gosto de como os relacionamentos e demandas se estabelecem nesse negócio, e eu odeio principalmente porque as contas não fecham -- e eu sei que, as contas não fecham simplesmente porque eu o odeio (não é o contrário). "Você nunca consegue o suficiente daquilo que você não precisa para torná-lo feliz.", como já diria Eric Hoffer.

Mais da metade da minha força é gasta para começar a trabalhar todo dia... E meu coração não está nele. Meu coração está no sorriso da Lívia, nos livros que eu quero ler e não tenho tempo, nos materiais de desenho que eu quero usar e não uso, nas vezes que encontro um ilustrador legal para postar na página do Facebook do SketchBlock. Eu sei que tudo isso é muito bonito mas que não paga as contas... E que por mais que eu queira ignorar, eu sou mãe, tenho muitas contas para pagar e ninguém tem nada há ver com a minha insatisfação.

O problema é que não há equilíbrio, e eu não posso ignorar mais que tudo o que eu faço já deu todas as pistas que não está dando certo. Eu não estou engolindo o sapo do que não gosto e garantindo o leitinho das crianças... Eu estou engolindo o sapo meio que pela metade, sendo mãe meio que pela metade, sendo dona de casa meio que pela metade (meio que pela metade de 1/3 da metade na verdade) e assim por diante. Não está dando certo! Eu não tenho mais poder pessoal, emocional ou intelectual suficiente para nada. Ninguém está levando mais 100% de mim -- nem eu! Seja onde for que eu esteja, eu não estou lá.

Estou em overdrive, tendo que entender como consertar o avião com ele voando. Tudo que eu queria era pousar o avião, olhar direito para ele e consertá-lo parte a parte... Ou mesmo ter tempo e energia suficiente para decidir se eu deveria estar consertando esse avião -- ou simplesmente assumindo que eu deveria é viajar de jegue, bicicleta ou jardineira.

São tantas as besteiras que a gente faz dando a desculpa de estar fazendo a escolha mais sensata.

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