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"Minha alma, sabe que viver é se entregar..."

Coruja mesmo!
Mas quem mandou ter o bebê
mais lindo do mundo!?
Hoje Lívia fez dois meses de vida. E eu estou meio que apaixonada por essa música, "Meu Sol" do Vanguart... Talvez porque "Além do Horizonte" chame atenção especial dessa linda bebê (vá entender, a cadeirinha dela ao lado do computador fica de costas para a TV -- e a menina não quer saber de mais nada, além de Além do Horizonte... Fica virando a cabeça para ver o que está passando... Coisas da Lili daqui); e talvez também porque seja uma "música de ninar" bem gostosa de cantar.

Ou simplesmente, porque esse verso inicial é "mother fucker beautiful" (mães ainda podem usar uma expressão dessa?).

Não há o que eu pudesse ter feito na vida para ter me preparado para os últimos 02 meses... Ainda escrevo o FAQ da mãe de primeira viagem... Cuja maior descoberta é a mais inútil... Muito antes de engravidar eu queria saber se existe algo em especial ao virar mãe, que faz você começar a postar mensagens açucaradas com design duvidoso em redes sociais; tipo um gene brega ativado pela maternidade. Não tem. O que tem é gente brega que libera geral quando os filhos chegam... Alívio.

Ainda estou na dúvida sobre quem aprende mais nesse período: a mãe ou o filho. Desde que começamos a morar juntos, eu e o Sr. Leite (sim, saber que quando suprimirem a meia dúzia de sobrenomes que demos a nossa filha o seu nome será Lívia Leite me dói o coração... A Menina "Leve Leite"), nunca chegamos a desenvolver uma rotina, ou uma sensação de lar... Aqui em casa sempre foi nosso cafofo, o lugar que a gente ficava junto e dava um jeito quase que regular de ter algo para comer (delivery rules!), algo para vestir, onde dormir e tomar banho... Era isso. Por mais que eu sonhasse com uma casa arrumada e organizada, nunca achei no fundo um grande problema eu ter mais livros, materiais de desenho, roupas, cds, dvds do que humanamente possível ou "habitavelmente" viável. Mas agora a coisa complicou... Ao caos original somou-se berço, comoda, trocador, carrinho, cadeirinha, estoque de fraldas e fórmula ("fuck you, sonho de amamentação" ainda será um post futuro); então eu estou sendo obrigada a repensar tudo... Rotinas de arrumação, alimentação, compras... Antes era algo desejável, agora se tornou algo vital se eu quiser ter mais do que 25 minutos de tempo produtivo num dia... Acredite, 25 minutos já seria uma conquista... Ter alguns minutos para escrever um post como esse (por inútil que seja) é uma vitória... Tem dias que meu "café da manhã" é feito após o meio dia, e banho é uma realização e uma conquista.

O aprendizado dessa mãe tem sido, acima de tudo, deixar as coisas irem embora, abrir mão.

Essa menina linda não teve muita sorte em relação ao timing financeiro e profissional da sua mãe. Na minha atual circunstância, estar em "licença maternidade" seria bom, seria uma segurança, seria poder curtir essa fase em que não há tempo nem rotina sem a preocupação de encaixar um ou outro freela no processo que garanta o mercado no final do mês, o plano de saúde ou o abatimento de uma ou outra dívida... Estou tentando evitar sentimentos pesados, porque, apesar do que uma ou outra pessoa ache (jeito bonito de não dizer que é apenas uma pessoa específica), eu tenho plena consciência que estou no fundo de um buraco que eu mesma cavei... E sei que não adianta ficar se martirizando por conta disso. Leite derramado não volta pra caneca. Mas eu acho que é meio que impossível no momento não criar uma certa ojeriza em relação as pessoas (ou pessoa) que foi até o fundo do poço com você e que agora quer ficar com a exclusividade da água e do balde... Mesmo sem que você distribua culpas por aí (afinal, a culpa é minha e eu a coloco em quem eu quiser como já diria Homer Simpson, rs). É difícil sair de algo que você ajudou a construir/destruir, que lhe consumiu mais do que dinheiro, lhe consumiu tempo, lhe consumiu vida, possibilidades, outros sonhos... E ainda por cima sair com as mãos abanando, ou até menos que isso... E em alguns casos, entregando pérolas aos porcos. Eu sei que é tudo bobagem... Eu sou a primeira a advogar que levem os anéis e deixem os dedos, exatamente por ter convivido a vida inteira com pessoas que não sabem ou souberam quando deixar as coisas pra trás... Nesse aspecto é como viver ao redor de dezenas de violonistas do Titanic mas... Quando é a sua hora de deixar partir, reconheço que é difícil. E saber que você vai ter que recomeçar do nada, do menos que nada, com mais de 30, com uma filha pra criar -- e saber que você vai ter que tirar dela o tempo para isso... Bem, não existe termo melhor... É foda... É mais do que foda... É supercalifragilisticexpialidocious foda!

Sempre quis criar meus bebês quando eu os tivesse. Não tenho planos de colocá-la em "escolhinhas" antes que ela saiba andar, falar, ir ao banheiro e reclamar da "tia" (para mim, com no mínimo 04 anos... Menos que isso é uma violência). Mas na minha visão perfeita, eu faria isso com algum colchão financeiro, com a liberdade de criar um negócio online com tempo, paciência e calma... Não como agora, que não há nenhum tempo para isso. Fiquei com sérias dúvidas se começaria uma nova iniciativa profissional antes ou depois de ela nascer. Optei por depois, para ter uma real ideia do tempo disponível o do que seria possível. Agora que já faz dois meses, eu vejo que por um lado foi acertado (tive períodos que qualquer atividade teria sido inviável) e por outro, triste -- estou profundamente consciente dos meus sem número de limitações atuais, e com sérias dores de cabeça sobre como vencê-las.

Não quero voltar para o mercado de trabalho tradicional. Quero criar minha filha, e tocar um negócio de casa -- por modesto que seja, e que ajude nas despesas de casa. Eu dei 15 anos da minha vida a essa ideia de "carreira e vida profissional" que vendem por aí... Fiz escolhas toscas, tive resultados pífios, cheguei ao fundo do poço financeiro e profissional. Nesse último ano, pensando e repensando a vida, aprendi muito sobre o que fiz de errado e do que não repetir, sobre como fazer as coisas da maneira correta (e pelos motivos corretos)... É uma pena que o FIES da Universidade da Vida tenha juros de cheque especial. O lado positivo (sim, eu ainda consigo ver algum) é que quando você está na barriga da "Fail Whale" como eu estou, as chances de ficar muito pior são quase inexistentes... Então tudo aquilo que você tinha medo de tentar por medo de parar no fundo do poço se torna uma opção... Afinal você já está lá.

Apesar de eu ser mais uma "Gates Girl" do que uma "Jobs Fan", a coisa se resume a mais ou menos isso:
"Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração."
Steve Jobs

Bem, fique com o clipe (que é mais bonito que o oficial) e com a música que embala sonos e sonhos por aqui.

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