Com tantas decisões erradas que a gente toma na vida, tem que ter algumas das quais a gente se orgulhe -- a minha mais recente, revista atualmente, é ter abandonado o último curso de desenho que fiz, por conta do professor. Não vou me dar ao trabalho de dizer o nome da escola, porque até acho que ela faz um bom trabalho em outros casos. Nem vou dar o nome do professor, porque não acho que ele tenha feito nada de errado além de ser ele mesmo -- meus santos definitivamente não bateram com os dele mas... Acho que a gente precisa de um extremo cuidado com que a gente decide chamar de mestre -- mesmo nas menores coisas.
Ele era formado em uma faculdade que eu considero medíocre (queria ser menos superficial do que isso, mas não sou), dava aula nessa faculdade medíocre também, e toda vez que abria a boca para comentar algo sobre a vida (que era mais vezes do que ele comentava algo sobre desenho/arte), parecia que tinha saído do editorial do Cidade Alerta... Aqueles pensamentos bem classe "merdia" do tipo "Deviam ter matado todo mundo no Carandiru...", "Se eu pudesse, eu também matava um ciclista na rua" (essa foi séria), "Rede Globo é o Demônio" (aí assiste aquela maravilha da Record né queridão?) e coisas do gênero. Coisas cretinas que eu até poderia relevar... Não fosse o desenho dele tão desagradável aos meus olhos.
Pode me chamar de doida, mas quando se refere a qualquer tipo de expressão artística, no menor nível que seja, eu tenho um pensamento bem humanista. Eu acho incompatível falar de estética, de beleza; num sentido bem amplo mesmo, sem acreditar mesmo que bem no fundo em coisas mais trancedentais, em melhora e desenvolvimento constante, que o ser humano tem jeito, que o mundo melhora mesmo que a passo de formigas. Eu já conheci muita gente crítica, muito boa, que parecia o contrário de tudo isso mas no fundo porque comparava o que deveria com um conceito muito mais amplo que não era atendido, e ficava frustrada. Mas isso é radicalmente diferente de sonhar/acreditar que essa média medíocre é a norma.
Acho que até por conta disso que eu parei com os cursos formais... Curso de desenho para adultos é uma coisa meio deprimente, porque você só tem dois tipos de pessoas na classe: os folgados (pessoas como eu que se tivessem levado a sério há 20 anos atrás quando eram crianças e pareciam que levavam jeito já estaria foda e não precisando daquela aula, mas estão lá para ver se ganham disciplina) e os sem noção (que querem aprender agora, mas ao invés de desenhar ficam encasquetando com o melhor lápis pra uma coisa, a melhor caneta pra outra etc.). Basicamente, não há o que aprender numa aula dessas; não porque não exista nada para aprender -- muito pelo contrário -- mas porquê os objetivos não batem. Aí junta aquele monte de gente contando histórias do que poderia ter sido e não foi, das injustiças da vida... E toda essa discussão sobre "As dez razões porque estou na mediocridade" me deprimem.
Eu aceito ser um fracasso total -- como diria Kurt Cobain "I'm worse at what I do best, And for this gift, I feel blessed" -- talvez se não aceitasse, não estivesse onde estou hoje em relação a tudo na vida e etc., mas tudo bem. Mas essa média medíocre de formações medianas, pensamentos medianos, conquistas medianas, conversas medianas, com pinturas de cavalo a óleo em pizzarias do bairro... Essas coisas são pesadelos para mim.
Para completar o medo, nada melhor do que "Sad but true" do Metallica (que ainda não está disponível no Rdio) em uma versão "Metallica" para bebês... É isso mesmo: medo!
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