Dermatologistas discordariam, mas esse não é o caso... Tenho estado bastante envolvida nessa tentativa de lançar uma nova iniciativa -- não digo empresa, empreendimento ou o mais cool "startup", porque tudo ainda é muito embrionário e despretensioso para isso -- mas ainda estou me debatendo com o tema/foco.
Estou tentando separar o que é gosto/aptidão do que é resultado de dez anos de experiência em uma determinada área. Principalmente porque eu aprendi a fazer razoavelmente bem diversas coisas nessa área mas... Não posso dizer que isso tenha me feito feliz (além da felicidade eventual de ver uma ou outra coisa bem feita), ou que seja algo que eu queira continuar fazendo, mesmo que nos meus próprios termos, nos próximos anos.
A primeira ideia foi começar a escrever textos sobre educação/aprendizagem e seus termos relacionados (tecnologia, ferramentas, métodos etc.). Essa ideia se sustentou por boa parte do planejamento antes que eu encarasse a realidade: essas coisas não me entusiasmam -- elas fazem parte de um repertório de experiências e interesses adquiridos, mas não fazem meus olhos brilhar. Consequentemente, você não pode incendiar os outros sem nenhuma faísca da sua parte.
Após essa constatação, começa a fase de investigar então "do que és feito e a que veio". É um trabalho arqueológico de ligar os pontos, migalhas, pedaços. Acho incrível o fato de ser uma coisa muito mais feminina essa coisa de "se redescobrir" -- não porque a gente esteja mais aberta a análise, mas porque com uma facilidade mais do que fora do comum a gente se anula, e faz de conta que nunca houve outra coisa nas nossas listas de vontades, gostos e preferências. É duplamente difícil... Fazer o trabalho de voltar ao começo e se conformar que, para quem se beneficiou por muito tempo dessa anulação, não faz a maior diferença -- é tipo um "fez assim porque quis"... Nesses momentos eu fico muito mais sossegada por ter feito as pazes com ser a FDP. Melhor ser uma FDP livre, do que uma "parceirona" destruída.
Estou sentindo como se eu estivesse novamente em fase de testes vocacionais. Com uma diferença muito fundamental: eu já sei que escolher pelo "bom senso" é a pior opção possível. Eu tenho que me sustentar, tenho que pagar dívidas acumuladas de más decisões e maus investimentos, tenho que tentar garantir um futuro um pouco mais sossegado mas... Se não puder ser com uma coisa que realmente faça sentido para mim, exercite o meu desenvolvimento, me movimente, me faça brilhar por dentro e possa oferecer algo de valor ao mundo... Se não for uma coisa com tudo isso, eu vou estar conversando por aqui novamente em algum tempo... E eu sinceramente não gostaria de repetir mais essa fase que me é tão familiar.
Nos meus "estudos arqueológicos" já encontrei várias coisas que eu gostava, mas abandonei. Coisas que eu faço despretensiosamente desde sempre, e vontades que são constantes e que eu tenho tentado aplicar (sem sucesso) em outras áreas nas quais não cabem. Fico surpresa de ver o quanto de caminhos mais naturais eu fui capaz de ignorar, tentando ser alguém que eu não sou. No final das contas, as coisas que a gente gosta sempre estão com a gente, e são bem claras -- por mais que a gente não saiba como ligar isso ao fundo da carteira.
Seja eu um dálmata, uma galinha d'angola, um gato malhado ou um tigre -- o fato é que a gente não pode apagar nossas pintas... Nunca.
domingo, 15 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Medo da Média
Com tantas decisões erradas que a gente toma na vida, tem que ter algumas das quais a gente se orgulhe -- a minha mais recente, revista atualmente, é ter abandonado o último curso de desenho que fiz, por conta do professor. Não vou me dar ao trabalho de dizer o nome da escola, porque até acho que ela faz um bom trabalho em outros casos. Nem vou dar o nome do professor, porque não acho que ele tenha feito nada de errado além de ser ele mesmo -- meus santos definitivamente não bateram com os dele mas... Acho que a gente precisa de um extremo cuidado com que a gente decide chamar de mestre -- mesmo nas menores coisas.
Ele era formado em uma faculdade que eu considero medíocre (queria ser menos superficial do que isso, mas não sou), dava aula nessa faculdade medíocre também, e toda vez que abria a boca para comentar algo sobre a vida (que era mais vezes do que ele comentava algo sobre desenho/arte), parecia que tinha saído do editorial do Cidade Alerta... Aqueles pensamentos bem classe "merdia" do tipo "Deviam ter matado todo mundo no Carandiru...", "Se eu pudesse, eu também matava um ciclista na rua" (essa foi séria), "Rede Globo é o Demônio" (aí assiste aquela maravilha da Record né queridão?) e coisas do gênero. Coisas cretinas que eu até poderia relevar... Não fosse o desenho dele tão desagradável aos meus olhos.
Pode me chamar de doida, mas quando se refere a qualquer tipo de expressão artística, no menor nível que seja, eu tenho um pensamento bem humanista. Eu acho incompatível falar de estética, de beleza; num sentido bem amplo mesmo, sem acreditar mesmo que bem no fundo em coisas mais trancedentais, em melhora e desenvolvimento constante, que o ser humano tem jeito, que o mundo melhora mesmo que a passo de formigas. Eu já conheci muita gente crítica, muito boa, que parecia o contrário de tudo isso mas no fundo porque comparava o que deveria com um conceito muito mais amplo que não era atendido, e ficava frustrada. Mas isso é radicalmente diferente de sonhar/acreditar que essa média medíocre é a norma.
Acho que até por conta disso que eu parei com os cursos formais... Curso de desenho para adultos é uma coisa meio deprimente, porque você só tem dois tipos de pessoas na classe: os folgados (pessoas como eu que se tivessem levado a sério há 20 anos atrás quando eram crianças e pareciam que levavam jeito já estaria foda e não precisando daquela aula, mas estão lá para ver se ganham disciplina) e os sem noção (que querem aprender agora, mas ao invés de desenhar ficam encasquetando com o melhor lápis pra uma coisa, a melhor caneta pra outra etc.). Basicamente, não há o que aprender numa aula dessas; não porque não exista nada para aprender -- muito pelo contrário -- mas porquê os objetivos não batem. Aí junta aquele monte de gente contando histórias do que poderia ter sido e não foi, das injustiças da vida... E toda essa discussão sobre "As dez razões porque estou na mediocridade" me deprimem.
Eu aceito ser um fracasso total -- como diria Kurt Cobain "I'm worse at what I do best, And for this gift, I feel blessed" -- talvez se não aceitasse, não estivesse onde estou hoje em relação a tudo na vida e etc., mas tudo bem. Mas essa média medíocre de formações medianas, pensamentos medianos, conquistas medianas, conversas medianas, com pinturas de cavalo a óleo em pizzarias do bairro... Essas coisas são pesadelos para mim.
Para completar o medo, nada melhor do que "Sad but true" do Metallica (que ainda não está disponível no Rdio) em uma versão "Metallica" para bebês... É isso mesmo: medo!
Ele era formado em uma faculdade que eu considero medíocre (queria ser menos superficial do que isso, mas não sou), dava aula nessa faculdade medíocre também, e toda vez que abria a boca para comentar algo sobre a vida (que era mais vezes do que ele comentava algo sobre desenho/arte), parecia que tinha saído do editorial do Cidade Alerta... Aqueles pensamentos bem classe "merdia" do tipo "Deviam ter matado todo mundo no Carandiru...", "Se eu pudesse, eu também matava um ciclista na rua" (essa foi séria), "Rede Globo é o Demônio" (aí assiste aquela maravilha da Record né queridão?) e coisas do gênero. Coisas cretinas que eu até poderia relevar... Não fosse o desenho dele tão desagradável aos meus olhos.
Pode me chamar de doida, mas quando se refere a qualquer tipo de expressão artística, no menor nível que seja, eu tenho um pensamento bem humanista. Eu acho incompatível falar de estética, de beleza; num sentido bem amplo mesmo, sem acreditar mesmo que bem no fundo em coisas mais trancedentais, em melhora e desenvolvimento constante, que o ser humano tem jeito, que o mundo melhora mesmo que a passo de formigas. Eu já conheci muita gente crítica, muito boa, que parecia o contrário de tudo isso mas no fundo porque comparava o que deveria com um conceito muito mais amplo que não era atendido, e ficava frustrada. Mas isso é radicalmente diferente de sonhar/acreditar que essa média medíocre é a norma.
Acho que até por conta disso que eu parei com os cursos formais... Curso de desenho para adultos é uma coisa meio deprimente, porque você só tem dois tipos de pessoas na classe: os folgados (pessoas como eu que se tivessem levado a sério há 20 anos atrás quando eram crianças e pareciam que levavam jeito já estaria foda e não precisando daquela aula, mas estão lá para ver se ganham disciplina) e os sem noção (que querem aprender agora, mas ao invés de desenhar ficam encasquetando com o melhor lápis pra uma coisa, a melhor caneta pra outra etc.). Basicamente, não há o que aprender numa aula dessas; não porque não exista nada para aprender -- muito pelo contrário -- mas porquê os objetivos não batem. Aí junta aquele monte de gente contando histórias do que poderia ter sido e não foi, das injustiças da vida... E toda essa discussão sobre "As dez razões porque estou na mediocridade" me deprimem.
Eu aceito ser um fracasso total -- como diria Kurt Cobain "I'm worse at what I do best, And for this gift, I feel blessed" -- talvez se não aceitasse, não estivesse onde estou hoje em relação a tudo na vida e etc., mas tudo bem. Mas essa média medíocre de formações medianas, pensamentos medianos, conquistas medianas, conversas medianas, com pinturas de cavalo a óleo em pizzarias do bairro... Essas coisas são pesadelos para mim.
Para completar o medo, nada melhor do que "Sad but true" do Metallica (que ainda não está disponível no Rdio) em uma versão "Metallica" para bebês... É isso mesmo: medo!
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O dia que a terra parou...
Há alguns anos uma série chamada "FlashForward" fez muito sucesso -- embora a emissora não tenha achado isso, e tenha cancelado a série já na segunda temporada, e deixado todos os fãs inquietos sem saber o final (terminar série de ficção sem deixar os roteiristas amarrarem as coisas é algum tipo de vingança perpetrada pelas grandes emissoras por conta da baixa audiência... Vide: The Event; mas isso já é uma outra história). Em FlashForward, todas as pessoas da terra "apagam" por alguns minutos ao mesmo tempo, perdendo completamente a lembrança do que aconteceu naqueles minutos...
O dia de hoje é o que pode se chamar de completo contrário.
Até hoje eu não consegui encontrar alguém que não saiba onde estava ou o que estava fazendo há 12 anos atrás. Eu não quero discutir se vidas americanas perdidas em público são mais importantes que a quantidade de outras vidas que os exércitos americanos exterminam em silêncio... Não vou me dar ao luxo de achar que eu tenho capacidade cognitiva/social/política/histórica de relativizar nesse assunto. O que eu sei é que eu sou da geração que viu a Challenger explodir ao vivo em meio aos desenhos matinais, da geração que viu flashs de Berlin enquanto o pessoal derrubava o muro mas... Não consigo pensar em nenhum episódio que tenha tido tanto poder coletivo sobre as pessoas -- de saber que a história estava sendo feita naquele momento, e que o mundo nunca mais seria o mesmo... Assim como não foi.
A proibidona daqueles tempos nas rádios americanas:
I'm looking to the sky to save me
Looking for a sign of life
Looking for something to help me burn out bright
I'm looking for a complication
Looking cause I'm tired of trying
Make my way back home when I learn to fly...
O dia de hoje é o que pode se chamar de completo contrário.
Até hoje eu não consegui encontrar alguém que não saiba onde estava ou o que estava fazendo há 12 anos atrás. Eu não quero discutir se vidas americanas perdidas em público são mais importantes que a quantidade de outras vidas que os exércitos americanos exterminam em silêncio... Não vou me dar ao luxo de achar que eu tenho capacidade cognitiva/social/política/histórica de relativizar nesse assunto. O que eu sei é que eu sou da geração que viu a Challenger explodir ao vivo em meio aos desenhos matinais, da geração que viu flashs de Berlin enquanto o pessoal derrubava o muro mas... Não consigo pensar em nenhum episódio que tenha tido tanto poder coletivo sobre as pessoas -- de saber que a história estava sendo feita naquele momento, e que o mundo nunca mais seria o mesmo... Assim como não foi.
A proibidona daqueles tempos nas rádios americanas:
I'm looking to the sky to save me
Looking for a sign of life
Looking for something to help me burn out bright
I'm looking for a complication
Looking cause I'm tired of trying
Make my way back home when I learn to fly...
terça-feira, 10 de setembro de 2013
É apenas como me sinto essa noite...
Estou cheia de coisas para fazer, mais do que estou conseguindo lidar. Acho que a imagem mais apropriada para essa postagem seria uma artista de circo tentando manter vários pratos no ar -- o que seria difícil de representar no meu caso, já que todos os pratos parecem já estar no chão, e eu não sei quais os caquinhos catar primeiro. Apesar dessa situação ser um pouco estressante (tadinhos dos níveis de cortisol nas alturas), não consigo deixar de pensar na sensação de "Déjà vu". Muitas coisas que estou encarando agora não são novidade (estão beeeemmm longe de ser).
Nesses momentos eu murmuro "eterno retorno"; como se eu estivesse destinada a ficar repetindo as coisas, como um Sísifo sem glamour algum, fadada a ficar levando a pedra pro topo da colina apenas para vê-la rolando colina à baixo novamente.
Isso é o que acontece quando você pega certos assuntos que precisam de SOLUÇÃO, com todas as maiúsculas, e acaba colocando panos quentes. Você tanto empurra com a barriga que uma hora percebe que certas situações e problemas se tornaram amiguinhos que não te deixam em paz, são de casa e para colocá-los para fora é um desafio danado. Já que não é possível uma vida sem problemas, resta sonhar com uma de problemas com os quais sempre podemos lidar, e que tragam alguma novidade e crescimento.
De vez em quando é desolador se por para pensar a noite e perceber que a sua história é uma reprise, com adaptação dos mesmos personagens de sempre.
Nesses momentos eu murmuro "eterno retorno"; como se eu estivesse destinada a ficar repetindo as coisas, como um Sísifo sem glamour algum, fadada a ficar levando a pedra pro topo da colina apenas para vê-la rolando colina à baixo novamente.
Isso é o que acontece quando você pega certos assuntos que precisam de SOLUÇÃO, com todas as maiúsculas, e acaba colocando panos quentes. Você tanto empurra com a barriga que uma hora percebe que certas situações e problemas se tornaram amiguinhos que não te deixam em paz, são de casa e para colocá-los para fora é um desafio danado. Já que não é possível uma vida sem problemas, resta sonhar com uma de problemas com os quais sempre podemos lidar, e que tragam alguma novidade e crescimento.
De vez em quando é desolador se por para pensar a noite e perceber que a sua história é uma reprise, com adaptação dos mesmos personagens de sempre.
"It's the way we feel
Tonight
As if it's all unreal
All right"
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Daquilo que eu sei...
MorgueFile Free Photo |
Primavera está chegando... Dizem que é tempo de renovação -- eu não queria renovação, queria recuperação. Eu queria recuperar essa menina sem noção que não sabia muito mas que acreditava poder fazer várias coisas, e fazia várias delas. Essa versão grande dela se deixa envolver por diversos pensamentos "E se..." que paralisam, e quando percebe, deixou muito tempo passar. Não consigo perdoar essa parálise não de falta de objetivos, mas de falta de foco, coragem, perseverança. Gostava da época em que eu escutava a frase "E se eles acharem que eu não sou bom o suficiente, acho que eu não suportaria esse tipo de rejeição" e dava risada -- não agora que ela é quase um mantra.
Acho que eu estava mesmo certa... Você nasce um leão a lá "Crônicas de Nárnia" e acaba se tornando um a lá "Magico de Oz".
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