Mas eu estou mesmo num daqueles "estranhos momentos..." - Estranhos momentos em que você percebe que na casa do ferreiro o espeto é de pau - não, eu não tenho nada contra esse tipo de clichês, se não fossem eles, acabava o estilo (o meu inexato barroco-confuso, pelo menos). Estava escrevendo um conteúdo sobre uma das minhas especialidades: Ensino a Distância. Dez anos nessa indústria vital, me renderam muitos conhecimentos práticos, alguns insights e a possibilidade de posar de especialista - e conteudista - em alguns tópicos. O de hoje: motivação dos estudantes para o aprendizado on-line.
Obviamente, meu foco é corporativo. Não vou entrar no mérito das discussões pedagógicas que a escola precisa mudar... Toda vez que alguém diz isso, meus olhos se reviram como o pescoço da garota de o exorcista. Não porque eu ache que não precise mudar; mas porque eu odeio discussões sobre coisas óbvias de sistemas complexos. Educação de formação, é um sistema complexo. Você muda algo hoje, na melhor das intenções e vai apenas ter certeza do resultado real em 15 anos. Eu não tenho paciência para isso. No corporativo a questão é sempre mais superficial... mas o "truque" é sempre mais executável: você tem o problema, como você resolve o problema? Sim existem milhões de nuances aplicáveis também: Cultura Empresarial, o poder da área de RH, se quem demanda o treinamento tem poder para implementá-lo, se ele está de acordo com os objetivos da organização etc. Mas é "easy fix" - planeja, aplica, mede, revê, aplica, novamente... Melhoria contínua.
Isso tudo posto - e não tão exposto - voltamos ao "estranho momento...".
Existem algumas questões-chaves para a manutenção da motivação do estudo on-line, que são bem semelhantes a questões de aprendizagem autodidata - conforme eu percebi enquanto escrevia:
- Você deve saber quanto tempo tem disponível (em minutos, horas).
- Quando (em que momento da sua rotina e com que frequencia)?
- Estabelecer objetivos claros por períodos de tempo definidos.
- Estabelcer autorecompensas ou critérios que permitam você determinar que o objetivo está atingido.
(Ok, vou somar ao fato de que eu acho que 05W01H resolve 50% da vida, com o fato que metas SMART são os outro 50%).Isso me fez pensar nos meus atuais esforços abandonados, fracassados, ferrados com relação a educação pessoal: aulas de desenho, pós-graduação, reciclagem de informática etc., que eu vivo reclamando que estão parados ou naufragando. Eu jamais parei para determinar qualquer uma dessas coisas. Minha meta com relação a desenho é sempre "desenhar todo dia" (quanto tempo ou que hora ninguém sabe) e bater a quantidade de rascunhos do ano anterior (conforme postagem no Flickr). E essas definições encerram todas as minhas definições relacionadas a aprendizagem... Os outros casos, nem essas metas tem.
Vai dizer mesmo que casa de ferreiro não tem espeto de pau? Eu caio na falácia suprema que abala o desempenho de 09 em cada 10 estudantes on-line e pessoas que pensam em aprender coisas novas por conta própria: a falácia do "qualquer dia, qualquer hora". Você assume que como os meios estão disponíveis 24 horas por dia, você tem 24 horas por dia de disponibilidade - coisa que não tem.
Somos criaturas de hábito, criaturas de rotina... Não importa se você acorda às 11:00 da manhã, vai dormir às 03:00 e cisma que o melhor horário para almoçar é meia noite. Sua rotina pode ser "não-convencional", mas uma vez estabelecida é rotina. Se você não encontra mais aquele sentimento interior de "tá na hora de fazer tal coisa", como geralmente acontece com banhos (eu espero) e refeições, as coisas não vão pra frente. Você pode até se orgulhar de não ser uma pessoa previsível, mas, o que você conseguirá aprender nesse esquema, pode ter certeza, é bem previsível. E normalmente é nada.
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